quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Montes por viver

Vejo vales, vejo montes
Correndo loucos por minha vista
Brotam, como de fontes
Da paisagem egoista.

Apenas peço que me deixem espreitar,
Que deixem ver nascer os rebentos,
Que possa eu deles aproveitar,
Antes que me levem os maus ventos.

Náufrago, num mar de cegueira,
Onde vivo o que acho pouco,
Em olhos comuns, não há minha maneira
Eu sou só e apenas mais um louco.



L. Wood

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Clama-se por liberdade

Temos as raizes lançadas,
Não nos podemos evadir
A alma grita por liberdade
A boca grita sem se ouvir

O que se vê é tanto,
Comparado com o que se pode fazer
O melhor nesta vida,
É deixar tudo acontecer.

Cegos em nome de um bem maior,
Guiados por homens ditos de poder
Em vez de escolherem o que é melhor
Apenas nos fazem sofrer

Que se rasguem estas raizes
Que se rasgue esta venda
Não são eles nenhum deus
a quem devemos oferenda.

L. Wood

Relatividade de existência

Olham-me as torres, como se nada se passa-se.

Entre milhões sou mais um, dentro de mim ninguém

ardem memórias contra a vontade


Arderam as memórias de quando eu estava bem.

Palavras são fracas, pensamentos desprovidos de imagem,

De joelhos ataca-me a chuva, mas com essa posso bem.

Falha-me a voz, que grita ao mundo

Que estarei aqui, sendo ninguém.


L. Wood

Prisioneiro de Si

Erguem-se, sobre mim, negros muros
A alma geme, cansada e dorida,
Correntes presenteiam-me com cortes puros
Cresce de novo a velha mágoa esquecida

Aquecem-se com vagar os ferros,
A frenética brasa, espera, paciente, o horror.
Cheira-se os castigos que emergem de berros
Aguardando o castigo, ardo, então eu, em pavor.

Negras feridas me doem,
Como seria belo ver perecer
O ódio e amargura que me roem,
Tão rápido quanto posso ver.

O silêncio enche-me os ouvidos,
Arde a mágoa, E afundo.
Nada existe senão gemidos..
Nada existe senão o meu mundo.


L. Wood

sábado, 14 de novembro de 2009

Ouço passos na noite escura,
Como o próprio respirar
Gela-me o sangue,
visando o ódio do teu olhar.

O que procuro? O que sei?
Talvez o Nada me esclareça
Deambulo por ruas perdidas
Esperando que do passado me esqueça

O mar observa,
A terra assim se esmera
A estrada por fim chama
Avança para o fim, a longa espera...


L. Wood