terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Brincadeiras do destino

Quebro as paredes que tentaram tomar-me
Oh, cobardes. Atiram-se como chacais...
E eu, outro tolo que vagueia, deixei-as,
como tantos mais.

Ergui meus esforços, à custa
Porque me agarraram, esses sim, os bravos
Devo-vos tanto, e a mim me assusta,
A forma de como vos pagar os cravos.

Como brinca o destino,
Com o que pode acontecer
Tece-se se a teia de de algo por criar,
cria-se a semente, para o fruto crescer

Mas queima, e custa e cospe-me no rosto
Ah o manhoso destino a volta me deu,
Mas com isso posso bem, o que tanto me dava gosto
Era ouvir-te chegando, e ver o teu sorriso, acompanhando o meu.


L. Wood

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Erro no sentir

Viver é ser algo mais
É ver de perto o sol nascente
Cresce a flor que ilumina o mundo
Que esconde longe o deprimente

Afoga-se a negruma do pensamento
Em sorrisos e abraços queridos
Não consigo alcançar tamanha proeza
Apenas lembranças e pensamentos esquecidos

Erro no sentir, pois sinto o que não devo
Erro no viver, pois não vivo
Respiro por capricho e não vejo um amanha
Morre-me nas mãos o motivo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Montes por viver

Vejo vales, vejo montes
Correndo loucos por minha vista
Brotam, como de fontes
Da paisagem egoista.

Apenas peço que me deixem espreitar,
Que deixem ver nascer os rebentos,
Que possa eu deles aproveitar,
Antes que me levem os maus ventos.

Náufrago, num mar de cegueira,
Onde vivo o que acho pouco,
Em olhos comuns, não há minha maneira
Eu sou só e apenas mais um louco.



L. Wood

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Clama-se por liberdade

Temos as raizes lançadas,
Não nos podemos evadir
A alma grita por liberdade
A boca grita sem se ouvir

O que se vê é tanto,
Comparado com o que se pode fazer
O melhor nesta vida,
É deixar tudo acontecer.

Cegos em nome de um bem maior,
Guiados por homens ditos de poder
Em vez de escolherem o que é melhor
Apenas nos fazem sofrer

Que se rasguem estas raizes
Que se rasgue esta venda
Não são eles nenhum deus
a quem devemos oferenda.

L. Wood

Relatividade de existência

Olham-me as torres, como se nada se passa-se.

Entre milhões sou mais um, dentro de mim ninguém

ardem memórias contra a vontade


Arderam as memórias de quando eu estava bem.

Palavras são fracas, pensamentos desprovidos de imagem,

De joelhos ataca-me a chuva, mas com essa posso bem.

Falha-me a voz, que grita ao mundo

Que estarei aqui, sendo ninguém.


L. Wood

Prisioneiro de Si

Erguem-se, sobre mim, negros muros
A alma geme, cansada e dorida,
Correntes presenteiam-me com cortes puros
Cresce de novo a velha mágoa esquecida

Aquecem-se com vagar os ferros,
A frenética brasa, espera, paciente, o horror.
Cheira-se os castigos que emergem de berros
Aguardando o castigo, ardo, então eu, em pavor.

Negras feridas me doem,
Como seria belo ver perecer
O ódio e amargura que me roem,
Tão rápido quanto posso ver.

O silêncio enche-me os ouvidos,
Arde a mágoa, E afundo.
Nada existe senão gemidos..
Nada existe senão o meu mundo.


L. Wood

sábado, 14 de novembro de 2009

Ouço passos na noite escura,
Como o próprio respirar
Gela-me o sangue,
visando o ódio do teu olhar.

O que procuro? O que sei?
Talvez o Nada me esclareça
Deambulo por ruas perdidas
Esperando que do passado me esqueça

O mar observa,
A terra assim se esmera
A estrada por fim chama
Avança para o fim, a longa espera...


L. Wood

sábado, 26 de setembro de 2009

Saudade

Perdidos na aventureira despedida
Confiando sempre na velha arte
Treme a terra, igualmente sofrida,
Que em lágrimas saúda quem por fim parte.

Palavras sentidas ficam por dizer
Gestos de amor fogem às vistas
Enchem-se os panos que os homens levam
Rumo às duras e longínquas conquistas.

Quem fica sofre, por tanto sofrimento
Quem parte sofre, por suas terras deixar
É a saudade Lusitana por quem nos damos a conhecer
É a saudade Lusitana que nos veio abraçar.

Escorrem lágrimas penosas, pelo rosto que parte
Agarram-se às preces pelo retorno vindouro
É a saudade Lusitana que aos Homens marca,
É a saudade Lusitana que nos esculpiu em ouro.


L. Wood

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Clausura

Jaula que me encerra tirando-me a vida
Deixa-me partir! Para voltar a respirar
Ouvidos mortos ou negro âmago,
Tumba penosa na qual me vai encerrar.

Luto até ao último suspiro se sentir,
Mas contra os Escrito não ergo esforços
Sou mais um que tomba,
Mais um perdido nos próprios destroços.


L. Wood

Queda do Titã

Vagas atiram-se às fortificações resistentes,
Que lutam bravamente contra o cruel tombar,
Como o mar castiga os rochedos.
Conforme se ouve a trompa a gritar.
Racham o rochedo com força miuda, mas bastante,
Marcha o negro estandarte impiedoso
Lutar é duro, resistir algo de outro mundo
Apenas poeira sobra do titã rochoso.
L. Wood

Chamamento

O vento chama-me em silêncio
O seu canto desperta a saudade
A saudade do verde, da solidão
Que embora fresco, tosco e imperfeito,
Me embala com a sua canção

O sol ilumina o meu caminho.
O meu caminho é o mundo.
O mundo é o meu caminho,
Enquanto o mar me chama, mas a esse...
A esse não...


L. Wood

sábado, 4 de julho de 2009

Um poema fraco..

Sei que com palavras não descrevo o que quero
Constante incerteza e vacilo
Mas ja nao me cercam as sombras que me assombraram
Apenas mais uma gota no grande nilo

Rompeu o sol por de tras da neblina
Inibem-se as trevas da noite escura
Trabalho para alcançar um futuro melhor
Agora tenho objectivo, uma ideia pura

Procuro caminhar em frente
nunca olhando para tras,
Onde orfeu errou, nao vacilei
Tambem não tenho glória, sou apenas um rapaz

Versos sem sentido, simplesmente vagueiam
Não sinto a "não vontade" em mim
Sei o que sou. Saberei?
Penso, pelo menos assim.

Perdoai-me a falta de força das palavras
Não tenho razao para escrever mais forte
Voltei a vulgaridade de falta de imaginação
Mas ainda assim, estou lançado a sorte.


L. Wood

sábado, 27 de junho de 2009

Ardente grito

Queima, em brasas meu peito arde
Morre a vontade de de manha acordar
Rubra fome de não comer,
Sanguínia sede de a sede não saciar.

Isolado num mundo de ilusão
Estilhaça-se o mar em meu redor
Cria-se o fervor da manifestação
Sei que é mau bem como que não há melhor.

Fragmento meu ser em cacos
Toca o musico a sua flauta de osso
Sou mais um, para o monte dos fracos
Mais um que caiu no negro poço

Cortante forma de ver o mundo
Monstruosamente, continuo caminhando
Exaltando minha raiva num grito imundo
Grito surdo que me vai matando.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Metamorfismo

Contorce-se o corpo disforme
De niilismo e força imensa
Esperando em dores que se tranforme
Que mude a forma da nuvem densa

Esfera de sombras, e neblina
Que toldam a vista a quem mais procura
Conduzem o Novo e o velho a tristeza
Conduzem qualquer um à loucura

De pensamentos incertos à incerteza do Ser
Vagueia-se pelos vales da mente aberta
Procura-se o que em tempos se veio a perder
Procura-se deixar a consciencia mais esperta

Aragem que arde no rosto
Qual sal em ferida ou carne em brasas
Rubra alma que possui o comum posto
Qual pássaro a quem cortam as asas

Escamas rasgadas pela má fortuna
Caminho cortado pelo falhanço pessoal
Bosques que procuram quem os una
Negrura que incita o sadismo imoral.


L. Wood

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Solidão

Explode o conteúdo deste baú de cristal
Rasga-se a carne que sustinha o desespero
Desfaz-se o rosto num choro mortal
Cose-se a boca de quem proferiu o impropério

Arde a vontade de em chamas ser consumido
Aquela vontade de ser alguém
O que me desperta é sentimento sofrido
O que me mata é não ser ninguém.

Caminho cada vez mais depressa,
Sem saber onde ou porque vou.
Que se forme esta teia, que a aranha a teça
Eu sou eu, aceito aquilo que sou.

O tempo varia na sua forma sublime,
Mudam as pessoas também em seu redor
Mudam-se as companhias, procura-se algo que rime,
Deixa-se a que aborrece e procura-se uma melhor

Arde a vontade de em chamas se consumido
Aquela vontade de ser alguém
O que me desperta é sentimento sofrido
O que me mata é não ser ninguém...


L. Wood


segunda-feira, 8 de junho de 2009

O menino e o corvo

Era uma vez um menino,
Que voltava da escola a andar
Com tanta pressa de sua casa ver
Nada evitou o menino de tombar.

Um corvo de soturno ar o troçou,
Gozando com tal pobre personagem
Do ramo lá do alto perguntou
A que se devia a infeliz aterragem

De resposta apenas um fraco gemido
De quem medo tinha até de andar
Mas começou em passo sofrido
Deixando de ouvir o gozão crocitar

Uma voz suou, por entre a verdura
A voz do corvo com quem falara
Em casa encontrarás a noite escura
Mas o menino mais uma vez a sua voz evitara

Como seria noite escura, se raiava ainda o sol?

Mas mesmo assim o passo apressou
Pois o sangue corria quente,
As pernas voavam loucas
Sentia um medo omnipotente

Quando a sua casa chegou
pobre garoto o que foi avistar,
Embora o sol raiasse, o corvo no telhado poisou
Vendo a sua vida a morrer... a tombar...

Nem pedra sobre pedra, nem um único olhar,
Nem pai nem mãe, apenas a solidão de um mendigo
Corvo voltou-se dizendo
Ouve, numa proxima, o que te digo

Tornaste costas quando contigo falava
E meu ser me permite ceifar vidas
Ceifo as de quem quero
Por norma as mais sofridas

Mas não há regra sem excepção,
Nem pecado sem desculpa,
Os teus como pedra fria estão,
Mas tu ainda tens mente astuta.

Auxilia-me, o simples corvo,
na minha tarefa tão sombria,
Eu com um simples gesto,
Te devolverei a alegria.

Tornar-me-ei no que quiseres,
Para poder erguer
Aqueles que a mim me deram vida
E que tão cedo vi morrer.

Tornas-te então o meu pupilo,
Para toda a eternidade,
Servirás a morte com justiça
Ceifando velhos, ou os de tenra idade.

Tens minha Palavra, mestre corvo da noite
Em como ceifarei vidas como ninguem,
Meu coração é rocha fria,
É me indiferente tombar nenhum ou cem.

Tiraste-me a cor aos olhos, o calor ao corpo
Fizeste-me um de ti, perdão, um de vós.
Sou algo mudado e diferente.
Sou o lembrado pelo Seu acto atroz.

Eu não te mudei, o corvo disse
Apenas te dei a escolher
Aquilo que és, escolheste tu
Aquilo que és, foste tu tecer.

Culpa-te a ti, dos teus crimes sombrios
Mas não a mim, teu Senhor.
Sou mero apontador de caminhos,
Enquanto tu, uma criança sem amor.


L. Wood