segunda-feira, 8 de junho de 2009

O menino e o corvo

Era uma vez um menino,
Que voltava da escola a andar
Com tanta pressa de sua casa ver
Nada evitou o menino de tombar.

Um corvo de soturno ar o troçou,
Gozando com tal pobre personagem
Do ramo lá do alto perguntou
A que se devia a infeliz aterragem

De resposta apenas um fraco gemido
De quem medo tinha até de andar
Mas começou em passo sofrido
Deixando de ouvir o gozão crocitar

Uma voz suou, por entre a verdura
A voz do corvo com quem falara
Em casa encontrarás a noite escura
Mas o menino mais uma vez a sua voz evitara

Como seria noite escura, se raiava ainda o sol?

Mas mesmo assim o passo apressou
Pois o sangue corria quente,
As pernas voavam loucas
Sentia um medo omnipotente

Quando a sua casa chegou
pobre garoto o que foi avistar,
Embora o sol raiasse, o corvo no telhado poisou
Vendo a sua vida a morrer... a tombar...

Nem pedra sobre pedra, nem um único olhar,
Nem pai nem mãe, apenas a solidão de um mendigo
Corvo voltou-se dizendo
Ouve, numa proxima, o que te digo

Tornaste costas quando contigo falava
E meu ser me permite ceifar vidas
Ceifo as de quem quero
Por norma as mais sofridas

Mas não há regra sem excepção,
Nem pecado sem desculpa,
Os teus como pedra fria estão,
Mas tu ainda tens mente astuta.

Auxilia-me, o simples corvo,
na minha tarefa tão sombria,
Eu com um simples gesto,
Te devolverei a alegria.

Tornar-me-ei no que quiseres,
Para poder erguer
Aqueles que a mim me deram vida
E que tão cedo vi morrer.

Tornas-te então o meu pupilo,
Para toda a eternidade,
Servirás a morte com justiça
Ceifando velhos, ou os de tenra idade.

Tens minha Palavra, mestre corvo da noite
Em como ceifarei vidas como ninguem,
Meu coração é rocha fria,
É me indiferente tombar nenhum ou cem.

Tiraste-me a cor aos olhos, o calor ao corpo
Fizeste-me um de ti, perdão, um de vós.
Sou algo mudado e diferente.
Sou o lembrado pelo Seu acto atroz.

Eu não te mudei, o corvo disse
Apenas te dei a escolher
Aquilo que és, escolheste tu
Aquilo que és, foste tu tecer.

Culpa-te a ti, dos teus crimes sombrios
Mas não a mim, teu Senhor.
Sou mero apontador de caminhos,
Enquanto tu, uma criança sem amor.


L. Wood

1 comentário:

  1. Muito giro,gostei imenso do ultimo verso,faz bastante sentido.
    No final do texto estavas mais inpirado k no inicio!podias até ter feito mais um ou outro :P ou outro :P e outro :D*******
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